Colaborador: Roberto Rocha
Buscar novos paradigmas econômicos que substituam o capitalismo selvagem dos últimos séculos, inclui olhares para a Economia da Conservação: uma forma de produzir sem desconsiderar os modelos homeostásicos naturais e bilenares do sistema Terra. Essa modalidade econômica vem se juntar à Biologia da Conservação e à Medicina da Conservação, ambas também focadas nos serviços dos ecossistemas e na saúde ambiental. Note que o termo conservação aparece em todas elas, e não é sem motivos, porque a natureza atua com bases em leis rigorosas, incluindo medidas econômicas altamente eficientes e eficazes. É muito provável que o nome “ecoeficiência”, utilizado como uma das matrizes do desenvolvimento sustentável, tenha sido adotado como mimético da verdadeira capacidade dos ecossistemas em não dissiparem energia desnecessariamente. Não custa lembrar que essa prática tecnicista é reducionista e não chega nem perto de uma verdadeira mega-economia planetária ou universal (assim como é em cima é embaixo: mas é preciso que os economistas dinossauros aceitem a máxima que faz tudo acontecer de forma ampla e irrestrita). Gaia nos dá aulas incríveis de economia natural em todos os lugares onde se possa perceber qualquer tipo de transformação, seja nas florestas, nos oceanos e, até mesmo em suas entranhas, onde embates de placas e de magma pastoso derretido promovem revoltas incríveis e “chocantes”. Se a economia tradicional engessada conseguir perceber o óbvio, vamos economizar tremendamente. A questão principal é que as empresas – muitas vezes – já sabem como economizar; e isso “pode não interessar” por outros motivos: políticos, amizades, acordos e porcentagens. Representam outras formas de lucrar, que não são exatamente “vivos dinheiros”, mas são “dinheiros vivos”. Um aperto de mão, um olhar, um sorriso, uma batidinha nas costas, podem ser agrados que direcionam e sinalizam negócios e valores. Mais do que questões econômicas ou ecológicas, são questões éticas! Falar de economia sem falar de ética, é chover no molhado! E até onde a ética tem sido considerada nas questões econômicas atuais? Apenas os contratos legais são suficientes para garantir uma correta transação? As leis sozinhas podem garantir uma justa negociação? Mesmo as leis, são propostas provisórias. São revogadas de tempos em tempos porque são incompletas e falhas. Nossas convicções também. Se uma cultura diz: mate!. Você mata! Se ela diz: salve! Você salva! Somos culturalmente coesos. Existe um “outro” que também decide, invisível, que não mora dentro da nossa mente, mas que nos comanda também. É algo pré-histórico e coletivista, lá do paleolítico, dos homens das cavernas, meio irracional. São as torcidas que gritam “gol” quando o “inimigo” é “abatido simbolicamente” ao vazar as traves, no coração do adversário, sem sangrar. São as demonstrações agressivas de territorialidade nas periferias dos estádios, mesmo depois da “guerra” acabada. Uma coisa é a técnica e outra é a tradição. É mais fácil mudar uma técnica! Mas, e a tradição? Podemos ter uma ótica pontual, mas de que vale a ótica sem a ética? O consumidor tem em suas mãos um trunfo letal. Mesmo afogado nas propagandas e nas técnicas de “fazer consumir” ele ainda é o “dono da festa”. Basta um aceno, e cabeças rolam!. Milhões de dólares vão pelo ralo com três letras e um til: não! Que poder infernal, este de um povo consciente, crítico e reflexivo! Já estamos falando de consumo ético, consumo responsável, consumo político. E por que não, uma sociedade ética? Economia sem ética é economia caótica. Vamos considerar as nossas “ticas”: as com “é” e as com “ó”. Quem sabe alinhamos também as nossas “eco”: a “logia” e a “nomia”? Quem sabe ainda podemos ser felizes, tradicionalmente?