Colaborador Roberto Rocha
Quando dizemos que o Sol nasce no Oriente e morre no Ocidente, todos os dias, isso não é uma verdade. É apenas a nossa ilusão de perceber o mundo, incorretamente, parcialmente. E quantas vezes já tomamos decisões em nossas vidas com base nessas percepções ilusórias? Nada nasce ou nada morre! O que temos é uma transformação e fluxo. São ciclos que se repetem como o pêndulo que vai e que tem que voltar; procurando o centro, o equilíbrio. No entanto, a força inicial que o desloca, sofrerá pressões e interferências, até que ele pára.
O Universo se expande como se ele estivesse indo para algum lugar infinito. Mas não chegará até lá! Num dado momento em que atingir sua expansão máxima ele terá cumprido sua missão. Como a chama de um fósforo que explode em energia, logo se estabiliza, e no final se apaga. Acender um fósforo é compreender o que acontece com o universo. O que acontece ali nos faz refletir sobre a vida em geral e a nossa própria vida. Será que temos uma real noção de como usamos nosso breve momento energético? Procuramos ser úteis e felizes nessa breve explosão chamada vida? Curtimos cada momento repartindo o amor e a compreensão? Ou ficamos estacionados no passado? Que perda de tempo! Justamente quando sabemos que viver é uma dádiva; uma oportunidade ímpar para a nossa própria evolução (=expansão?). A breve centelha logo se apagará! E o que será que ele energizou em nossa volta até então? Bondade? Tolerância? Amorosidade? Generosidade? O que, afinal?
Quando amanhecer: olhe para o Sol! Compare-o com a sua vida. Perceba que ele vai amanhecer no Leste e entardecer no Oeste. Que seu brilho mais intenso (conforme nossa percepção) será ao meio-dia. Depois, a intensidade luminosa começará a diminuir (outra vez, apenas a nossa percepção). E então, tudo escurece, como numa floresta sem humanos e sem luzes artificiais. Esse breve momento nos ensina uma lição: aproveite o seu dia iluminado! Não o consuma ruminando desafetos e sofrimentos. É uma opção nociva de viver. Um desperdício é um desrespeito à dádiva de existir e de estar no mundo. Agradeça tudo o que vier e o que virá, até que o poente se apresente. Acredite que amanhã você terá outra oportunidade de tentar, caso não consiga, iluminar outra vez o seu mundo particular. Tenha esta certeza como o Sol voltará para você uma vez mais. Ele estará lhe dizendo: não desista! Tente outra vez! O próprio Sol nos diria: "eu vivo nascendo e morrendo, a cada dia e a cada noite, na esperança que o mundo acorde e durma em paz. Não tenho nenhuma certeza disso! Mas eu sempre volto e ilumino a todos, sem restrições. Alguns se escondem de mim, e permanecem nas sombras, em cavernas escuras. Outros me olham rapidamente, e logo se retiram para suas tocas seguras. Não me importo! Ofereço a cada um a oportunidade de decidir o seu dia. Sem pressões. Se não mudar nada, voltarei amanhã, outra vez, como faço há muito tempo, desde que comecei a me expandir". Como vemos, apesar da disponibilidade do Sol, só nos tornaremos melhores se desejarmos mudar algo em nossa vida, por nossa própria conta, ou com a ajuda de outras pessoas. O Sol ainda vai se manter acesso por alguns milhões de anos, com ou sem a nossa presença. O que recebemos dele é apenas um breve punhado de energia que se dissipa em nossa provisória matéria geneticamente organizada. Em breve, teremos que devolver tudo isso ao todo. Nos diluiremos no todo uma vez mais. Não sei para onde irá parte da minha água ou dos sais do meu corpo. Quem sabe para um oceano! Ou para o osso de uma ave! Talvez em algum verme do solo! Ou na estrutura de um vírus! Mas uma coisa eu sei: o Sol nascerá outra vez! Dará nova chance para todos que desejarem recomeçar alguma coisa. Corrigir algum desvio; perdoar alguém! Se não for hoje, poderá ser amanhã. Mas com certeza o Sol estará lá, o tempo todo; com seus raios vibratórios, estando eu alegre ou triste. Ele cumprirá seu papel de oferecer luz. A partir de seu exemplo, eu devo fazer o mesmo; inda que não tendo a sua magnitude e nem a sua benevolência. Sou um pequeno sol, com uma pequena chama. Com ela vou escolher novos caminhos, que antes eu não via. Vou imitar o Sol. Sair da noite e conhecer o dia. Clarear o entorno com a minha pequena luz. Quem sabe, nessa busca, eu também possa orientar alguém a sair da escuridão...
(RRS, 3 jun. 2013)