Colaborador Roberto Rocha
Acho que nosso maior desafio é compreender que
nós não somos "gente" como todo mundo acredita. Somos apenas um
conglomerado provisório de partes dos diversos compartimentos do planeta
(atmosfera, hidrosfera, geosfera) organizados conforme cada genoma particular.
Temos sim uma outra parte cósmica, pensante. Mas a nossa cultura egoísta
deturpou o conceito de que pertencemos ao todo. Pensamos e agimos -
equivocadamente - como se fôssemos criaturas independentes da natureza.
Esse erro nos torna, falsamente, poderosos demais; e nos incentiva a interferir
nos sistemas sem maiores cuidados. Ocorre que a nossa capacidade de intromissão
é outra ilusão. Nós não podemos salvar o planeta. Precisamos salvar a nossa
pele, enquanto "ELE" está nos tolerando. É possível que chegue
um ponto em que Gaia não nos tolere mais, e nos elimine com alguma onda de
vírus letais ou de "desastres" corretivos. Nada incomum. A química
dos compartimentos já mudou diversas vezes na história dos bilhões de anos do
planeta. E nós - que chegamos aqui no outro dia - arrogantemente, nos colocamos
com "criaturas especiais". Pobre homem! Pobre intenção. Quando é que
vai cair a ficha? Os modelos de funcionamento dos serviços dos ecossistemas são
nosso norte. Não temos que inventar mais nada. Precisamos apenas observá-los e
aprender com eles. Quem está interessado nisso num mundo capitalista? Num
contexto materialista e que coloca o homem como centro do mundo? O homem não é
centro! É parte. Frágil, dependente, efêmero. Este pode ser um caminho.