domingo, 19 de junho de 2011

Nem Fukushima, nem Belo Monte: termossolar, a nova fonte.



Colaborador: Roberto Rocha

Certamente, como um apelo ao bom senso, mais do que uma comemoração pontual,  O Jornal do Senado do último dia 10,  apresentou o seu título "Especialistas defendem substituição de combustível fóssil por fontes limpas" (disponível em: <http://www.senado.gov.br/senadores/notSenamidia.asp?fonte=js&codNoticia=107304&nomSenador=Cristovam+Buarque>. Acesso em: 19 jun 2011. O título sugere que nós estamos usando "fontes sujas": o que é verdade! Abandonar o carvão e o petróleo, deixando-os somente em nossa história de degradação e poluição industrial seria algo espetacular.  O interessante desta reflexão é que ela surgiu por acaso: um passeio pelos quadrinhos viciantes da TV me mostrou, repentinamente, a imagem do senador Cristovam Buarque. Quem poderia deixar de ouví-lo? O tema debatido faz parte da Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20. Vocês sabiam que existia tal comissão? Eu não sabia! Só mesmo a TV Senado para nos esclarecer o que ocorre no país. Mas quem é que assiste TV Senado? Todo mundo fala em História do Brasil como se fosse algo do passado. No entanto, no Senado, é feita a história do presente e do futuro. Alí estão os "fazedores" da história, representando cada um de nós, cúmplices dessa construção política e democrática, aflita pela ética e pelos princípios. Mas eis que o tema da audiência pública "Energia: para que e como",  toca num antigo deus iluminador: o sol! Justamente num momento em que se fala sobre opções polêmicas, como energia nuclear e hidroelétricas.  A energia solar é limpa, abundante e renovável. As termossolares não ocupam espaço significativo e  seria uma opção  interessante para o Brasil, até que se descubra algo melhor. De baixo custo, ela revolucionaria a região nordeste, historicamente esquecida. Essa nova revolução teria que rejeitar os modelos atuais de devastação que arrasam nossa biodiversidade, deletando segredos antigos. Um rico tesouro genético está por lá esperando ser descoberto, temendo ser afogado. Eliminado por eficientes máquinas de espalhar a simplificação biológica, cuidadosamente programadas para atender - com prioridade - os interesses econômicos. Uma nova maneira de se desenvolver, com base na pesquisa dos nossos originais recursos naturais, traria uma esperança ecológica de boa qualidade. Um plano piloto termossolar indicaria ajustes e adaptações necessárias. Essas inovações, se acompanhadas de uma política severa de combate ao desperdício e preservação máxima dos ecossistemas naturais, contribuiriam enormemente, para o desenvolvimento do país. Contribuiriam, porque vai ser preciso uma grande mobilização para convencer os empresários de que essas soluções também são muito lucrativas, embora não atendam aos múltiplos  interesses imediatistas de outros segmentos que se aglutinaram em torno das matrizes fossilizadas. Contribuiria, porque vai ser preciso transferir incontáveis conhecimentos e práticas ecológicas para milhões de cérebros que estão hoje, 2011, ainda mamando sob os olhares esperançosos de suas mães.   Só nos resta mesmo esperar que o tema comece a ser divulgado com maior transparência e boa vontade. Afinal, o Sol nos viu nascer! Nos faz crescer! Mas poderá também iluminar o túmulo da nossa espécie. Enquanto isso, ele permanecerá supremo, como sempre. Brilhará ainda por muitos milhões de anos, com um malicioso sorriso. E nenhum remorso restará por quem não soube aproveitar suas calorosas e irradiantes dádivas...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Perda da biodiversidade brasileira: a discussão necessária inequívoca e desprezada


Colaborador: Roberto Rocha


 Em meio às conferências internacionais sobre desenvolvimento e meio ambiente – como se fosse possível separar uma coisa da outra – assusta a falta de prestígio inconteste, que sofrem a flora e fauna do mundo, em especial aquelas dos países tropicais. Discussões e desconfianças se repetem nos “calorosos” debates sobre o aquecimento global: afinal existe ou não um processo ameaçador em evolução, por  motivos atmosféricos afetados pelo modo de produzir do inquieto Homo sapiens? Mas existe algo que não necessita de qualquer pesquisa mais aprofundada nem científica. Instituições conservacionistas constatam que só aumentam suas listas de espécies ameaçadas. As primeiras 34 espécies da fauna ameaçadas no Brasil tiveram como documento oficial a Portaria IBDF nº 303/68. Cerca de 20 anos depois o então IBAMA, através da Portaria nº 1.522/89 indicou 206 espécies animais, em sua maioria, vertebrados. As Instruções Normativas MMA nº 3/2003 e nº 5/2004, listaram 627 espécies ameaçadas de extinção, sendo 130 de invertebrados terrestres, 16 de anfíbios, 20 de répteis, 160 de aves, 69 de mamíferos, 78 de invertebrados aquáticos e 154 de peixes. Perceba que estamos apenas falando de animais ameaçados. Não estão aqui as plantas brasileiras, fungos, protozoários. bactérias etc. Se todos fossem considerados a lista seria imensa. E por que se preocupar com criaturas perdidas  nos últimos fragmentos florestais do país? Por que motivo, preciso saber mais sobre o papel e a função desses organismos nos sistemas econômicos? A natureza é ainda vista como objeto de decoração, de exposição, de brincadeiras, que amenizam as duras e tristes notícias do cotidiano. Quem valoriza a biota (flora e fauna) como responsáveis insubstituíveis do desenvolvimento humano? Posso ver um poderoso carro do ano numa exposição internacional, mas não consigo ver os minúsculos insetos polinizadores que garantem a alimentação do planeta. Quem se importa com eles? Estão lá, trabalhando sem remuneração nem contratos de trabalho, cumprindo fiel e pontualmente suas “obrigações”. Quem os valoriza? São apenas abordagens sentimentais, poéticas, estéticas, mas não são definitivamente econômicas. Destruímos boa parte da complexidade ecológica necessária ao equilíbrio do todo, em nome de simplificações lucrativas imediatistas. Nós também fazemos parte da biodiversidade terrestre e dependemos da saúde dos ecossistemas atuais. A Terra não sabe que nós “resolvemos” ser algo mais do que um simples componente do sistema. Estamos desafiando um poder que ainda não compreendemos. Somos tão animais como qualquer outro bicho vivente. Não temos o privilégio que forjamos, egoisticamente. Ou cuidamos da biodiversidade para salvar a nossa espécie ou vamos ser excluídos num processo de depuração natural, já que não interessa para o sistema o “colaborador” que não veste a camisa e não torce pelo time.