sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dos avanços do espírito e da necessidade de um equilíbrio materialista


Colaborador Roberto Rocha

 O método científico trouxe para a humanidade uma nova maneira de ler e de tentar compreender o mundo e a nós mesmos. Veio apresentar a ilusão das certezas comprovadas experimentalmente, substituindo imaginações sobrenaturais. O próprio nome imaginação nos lembra ”imagens” ou “coisas que construímos com o pensamento”, mas que nem sempre temos provas contundentes de sua real existência. Na experimentação essas dúvidas precisam ser dissecadas e compreendidas para que não inviabilizem o próprio método. Ao se permitir que algo ou uma teoria possa ser “demonstrada”, “várias vezes”, “sempre com os mesmos resultados”, o que se pretende é reafirmar que existe uma coerência na idéia inicial e que ela pode também ser percebida em outros campos, e não somente engendrada em nossas conjecturas particulares. Num mundo de percepções rápidas e diversificadas como esse do início do século XXI, às vezes, nem sempre é fácil, concentrar as nossas atenções em temas mais “espiritualizados”, e persistir nele, porque os deslumbramentos e apelos fortes nos levam para o mundo das impressões efêmeras e passageiras. A ciência e seus métodos nos mostraram a importância da observação, e ela mesma nos concedeu a capacidade de construir máquinas mirabolantes que nos dão a sensação de um poder muito além de nossa capacidade natural e simples de sentir o mundo e seus elementos. Nosso cérebro parece gostar de desafios e novidades; e tanto mais, quando fogem dos parâmetros regulares e seguros que o bom senso recomenda. Com alguns ou muitos riscos, enveredamos em campos estranhos e espaços escuros, desconhecidos, buscando o novo e as surpresas inesperadas. Gostamos de nos surpreender a cada momento, e isso, parece reforçar a certeza de que estamos vivos e atuantes, o que parece razoável. No entanto, também podemos extrapolar esses desejos e aventuras, causando tristezas e mortes a muitos, o que também não parece ser sensato e nem eticamente correto. Resta-nos uma reflexão profunda sobre esse caminho que tomamos como Norte. Saber se devemos seguir realmente em frente, ou ainda, se não será melhor refazer a trajetória ao contrário, e buscar nossas raízes abandonadas onde estão as verdadeiras fontes da eterna procura humana pela felicidade. Quanto mais rapidamente caminharmos para diante, sem maiores reflexões, mas dolorosa será a senda do resgate. Fora isso, devemos também desconfiar se a negação dessa possibilidade pode estar patologicamente associada a algum tipo de desvio comportamental global da criatura humana, certamente injusto e insano. Quem sabe a solução para todos esses dilemas seja um maior investimento na nossa própria espiritualização, tão ausente e distante das nossas conversas rotineiras, direcionadas para os lucros e perdas materiais, dissociadas do sagrado e das luzes que iluminam outros caminhos que não esses tão fugazes e tão passageiros?...