Colaborador Roberto Rocha
Palmito juçara (Euterpe edulis) |
Não tínhamos a percepção nem a preocupação com as questões climáticas atuais. Imagine: o homem querendo controlar o clima!? Que coisa mais simplória! Não somos capazes de prever - com precisão, a nível municipal -, nem mesmo a ocorrência de uma geada!. Bolas de gelo do tamanho de um ovo de galinha podem furar nossos telhados e apedrejar as plantações arbustivas tradicionais e exóticas (estranhas ao país) a nos punir por algum pecado inominável. Quem aguenta! Como prever o que vai acontecer com o planeta? Dois graus? Três? Quatro? Conhecimentos técnicos e científicos de boa qualidade são necessários para melhorar a nossa compreensão. Formação de bons professores e estruturação de redes idôneas de informações são indispensáveis.
A propósito, a Agencia FAPESP - (Disponível em: http://www.agencia.fapesp.br/. Acesso em: 3 dez.2010) - está destacando a oportunidade de acesso livre a milhares de obras, artigos, mapas e documentos históricos sobre a biodiversidade brasileira, contando agora com o Portal BHL ScieLO. O consórcio "Biodiversiry Heritage Library" - (Disponível em: http://www.biodiversitylibrary.org/.) - reúne os maiores museus de história natural e bibliotecas de botânica no mundo, como a Academy of Natural Sciences e o American Museum of Natural History, nos Estados Unidos, e o Natural History Museum, na Inglaterra.
Embora as informações estejam disponíveis, uma parte da população ainda permenece sem saber ler e escrever e esse tipo de conteúdo não faz parte de sua realidade imediata, embora assim o seja. Enfrentamos enormes obstáculos pelo elevado número de analfabetos no mundo. Até 2015 existe o compromisso firmado por 191 Estados-Membro das Nações Unidas (ONU) para "resolver" oito grandes desafios do planeta: os objetivos do milênio. Um deles - atingir o ensino básico universal - continua sendo apenas uma esperança. O próprio Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), reconhece: " houve progressos no aumento do número de crianças frequentando as escolas nos países em desenvolvimento. As matrículas no ensino básico cresceram de 80% em 1991 para 88% em 2005. Mesmo assim, mais de 100 milhões de crianças em idade escolar continuam fora da escola. A maioria são meninas que vivem no sul da Ásia e na África Subsaariana. Na América Latina e no Caribe, segundo o Unicef, crianças fora da escola somam 4,1 milhões" (Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm. Acesso em: 3 de dez. 2010). E uma frase aparece em todo lugar, que também nós endossamos: faça a sua parte! Mas fica a pergunta: que qualidade terá a minha parte para decidir assuntos tão complexos?
Como discutir biodiversidade e sustentabilidade quando esses assuntos não são prioridades dentro das salas de aula? Poucas pessoas sabem o que são "serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos"! Se uma boa parte da população não sabe ler ou interpretar um texto simples, como compreender e participar de discussões mais complicadas que exigem um mínimo de conhecimentos gerais ? O que você vê na midia: sustentabilidade?. Biodiversidade? Os temas explorados tratam de realidades próximas do indivíduo; que tenham relação com medo e prazer: assalto, bala perdida, sexo, futebol, roupas bonitas, carros de luxo. E reclamam de Copenhague (Dinamarca, 2009), de Cancún (México, 2010), e tantas outras que virão.
Faça a sua parte! Tudo bem.! Mas precisamos divulgar a nível popular, também as questões mais complexas que ainda não fazem parte das discussões mundanas.
A imprensa pode ajudar sim, por um lado, ampliando as horas dedicadas aos temas biodiversidade e sustentabilidade. O governo - necessariamente - poderá oferecer melhores condições de ensino, contando com melhores equipamentos e oferecendo capacitação remunerada para os professores. Esses passos serão importantes - não para resolver exatamente as questões ambientais do mundo - mas para reconhecermos qual o nosso real papel socioambiental nesse cenário do século XXI; tão complexo, no qual somos estreantes, ainda muito pouco experientes...
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