sábado, 1 de janeiro de 2011

Crescimento pibiesco alienado - CPA

Colaborador Roberto Rocha

Já tinhamos falado um pouco sobre a invasão poluidora das siglas no artigo "Nosso Futuro Incomum: descompromisso com o amanhã"  do marcador Educação socioambiental e sustentabilidade. Mesmo com a consciência um tanto pesada, não resisti ao título e estou aqui contribuindo para a poluição sigliesca com uma única justificativa compensatória: contribuir para a reflexão coletiva. A questão é que sempre me incomodou muito o fato de se pautar o crescimento de um país, com base - quase que sagrada - no famigerado PIB. Nunca fui contra o crescimento humano, mesmo quando traduzido em conquistas tecnológicas, porque se assim fosse não seria sensato estar aqui usando uma máquina sofisticada em conexões artificiais. No entanto, acredito que o equilíbrio de qualquer sistema depende muito mais de reflexões do que de criatividade e inovações emparedadas. Qualquer criação precisa considerar a realidade do todo na qual ela está inserida. Leituras equivocadas podem estimular, despercebidamente, comportamentos padrões deletérios que não contribuem para a permanência de complexidades saudáveis.


Quando afirmamos que "uma planta cresce" voce pode ter certeza de que tudo que vai acontecer - a germinação da semente, a produção de flores e frutos, o envelhecimento do tronco, sua queda e seu apodrecimento - estará em acordo ecológico com o "todo" pré-existente. Isso porque existe um pano evolutivo que está por trás de tudo o que acontecerá. É como se existisse um pacto cósmico que se compremete a manter tudo e todos perfeitamente integrados, antes, durante e depois do que chamamos "morte". E como será que funcionam as teorias econômicas baseadas no Produto Interno Bruto? Até o nome é bruto, deseducado.  Será que se baseia na contribuição de cada setor perfeitamente integrado no todo?  Ou desconhece a realidade ao lado, da qual ele também é parte? Sempre sonhei com a possibilidade de  que os economista seriam, antes de tudo, grandes especialista em Ecologia. Eles seriam perfeitos, ou quase isso. Os ecologistas são economistas natos, porque a natureza funciona em bases econômicas. Só posso aceitar o tipo de desenvolvimento louco que incentivamos, a partir da premissa de que "nós é que determinamos participar dessa alienação e até nos especializamos nela". O crescimento baseado no PIB só considera as variáveis ecossistêmicas  pré-determinadas mas não as que seriam as mais importantes. Dessa forma, nosso crescimento pibiesco não é equilibrado. Ele é sempre provisório, com foco no lucro de minorias, enquanto o verdadeiro crescimento "ecológico" se baseia no equilíbrio da maioria. Alguns economistas já perceberam o equívoco e estão agora tentando sensibilizar a "elite" do século XXI para novos horizontes. mais criativos e menos autoritários em suas "teorias próprias". A  verdade é que não precisamos inventar muita coisa, mas apenas transferir as regras da natureza para as nossas regras acadêmicas. Antes de sermos primatas sociais, somos animais autênticos, dependentes das regras da Terra. A robótica não deve nos substituir, mas sim nos liberar para meditar profundamente sobre o que desejamos ser num futuro não muito distante.       

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