sábado, 1 de janeiro de 2011

Futuro da biota em áreas ilhadas e simplificadas

Colaborador Roberto Rocha

Enquanto o aquecimento global preocupa o mundo com suas ameaças e prejuízos futuros, os animais continuam suas rotinas de sobrevivência em seus respectivos ecossistemas sem saber exatamente o que significa IPCC e sem ter visto o filme “Uma Verdade Inconveniente”, do Al Gore. Algumas espécies mais “resistentes” ainda sobreviverão por algumas décadas. As mais sensíveis sofrerão baixas significativas e estarão, em sua maioria, nas listas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) numa de suas categorias: vulneráveis (VU), em perigo (EN) ou criticamente em perigo (CR), até que sejam extintas (EX) e ninguém encontre mais nenhum exemplar durante 50 anos.

Para a preservação de espécies diversas e dos ecossistemas dos quais elas dependem, contamos com as áreas protegidas, tais como as unidades de conservação, áreas de preservação permanentes (APPs), reservas legais e áreas indígenas. No entanto, mesmo essas áreas, estão ameaçadas por interesses econômicos exclusivos que alimentam um modelo econômico estimulado claramente pela obtenção de lucros rápidos. Mesmo algumas áreas vistas como exemplos de conservação, sofrem os impactos da insensibilidade e a falta de bom senso.

A Floresta Atlântica, ao invés de ser reconhecida por sua riqueza e variedade de formas, como era num passado não muito distante, é hoje o bioma mais ameaçado do Brasil e foi classificado como um dos 34 hotspots do mundo ao lado do cerrado (em degradação acelerada). Hotspot é uma área que está sofrendo agressões causadas por atividades humanas desregradas e que necessita de intervenções urgentíssimas para sua preservação. Basta visitar o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Estadual da Pedra Branca no Rio de Janeiro, por exemplo, para se perceber que ali já não existem mais nem os grandes predadores terrestres (onça pintada, onça parda) e nem os alados de grande porte (gavião real, gavião pega-macaco). Foram extintos.

Essas unidades de conservação de proteção integral não estão mais íntegras e encontram-se agora totalmente ilhadas, não permitindo uma troca saudável de material genético com outras populações mais próximas. Só as espécies que voam tem alguma chance. Mamíferos, répteis, anfíbios e insetos são literalmente “atropelados” pela ação humana. Ou ainda, pela gastronomia, pelos colecionadores compulsivos, na boca dos cães e nas garras dos gatos que vivem dentro e na periferia dessas áreas. Sem contar os “caçadores urbanos”, de fim de semana, com suas carabinas de pressão a impressionar seus filhos e amigos. Enquanto isso a fragmentação das florestas aumenta a cada dia. Vai ser difícil conter a urbanização. Onde estão os incentivos para estimular os estudos da fauna? O que estão fazendo as secretarias municipais existentes no bioma mata atlântica para minorar tais aberrações? As florestas estão cada vez mais vazias. A continuar assim, será muito fácil classificar as espécies nativas remanescentes. Isto é, uma meia dúzia de três… E com certeza, haverá um grande número de espécies exóticas, tranquilamente instaladas e proliferando por aí. Já está acontecendo...

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