sábado, 1 de janeiro de 2011

Capacidade de carga: o que é isso?


Colaborador Roberto Rocha

Você já reparou que quando vai viajar, precisa levar alguns pertences "essenciais" na sua mala?. No entanto, nunca você coloca tudo o que imaginou dentro dela, não é mesmo?. Arruma daqui, arruma dali, vai ficando cada vez mais difícil organizar toda a parafernália, num só lugar. Conclusão: é realmente preciso saber o que pode e o que não pode ocupar aquele espaço. Por exemplo, não posso guardar um sorvete sem um recipiente que evite o seu derretimento. Sorvete sem proteção, não pode!.Carne fresca também não pode porque apodrece. Quem sabe, carne salgada? Quer dizer, algumas coisas até podem, desde que sejam respeitadas algumas regras básicas. A questão é como ocupar um lugar tão limitado para satisfazer a todas as nossas necessidades e prazeres. Será que é possível? Se para arrumar uma simples mala a questão já é desafiadora, imagine arrumar um espaço público cheio de diferentes interesses e formas de entender o mundo? Não poderia deixar de comparar a situação da mala com uma situação semelhante: as praias brasileiras..Estamos em pleno verão e nas praias cariocas as pessoas falam sobre o “choque de ordem” – talvez fosse melhor “choque de consciência” ou de “bom senso” – porque é disso que estamos tratando. Não podemos "ocupar" a mala com tudo o que queremos e desejamos. Precisamos de uma seleção e uma ordem de arrumação. Caso contrário: é o caos! Tá certo que o carioca é meio informal, mas não podemos ser anarquistas inconscientes! Não me parece ser liberdade plena, por exemplo, que cada menino solte pipa com linha cortante ameaçando os pescoços de outras criancinhas e de adultos. Posso? Não! Cerol não pode! Mas meu cachorro gosta de praia! Pode? Não, cachorro não pode!. Se ele gosta de água então leva o bicho para nadar na sua piscina, ou na sua banheira, ou na sua caixa d`água!. Na “sua”, e não na do público! Você vai fazê-lo feliz e não vai incomodar ninguém! O que é um choque? É algo repentino que faz você ficar "ligado". Mas o que precisamos - realmente - é de educação comum de como usar os ambientes coletivos, respeitando os interesses múltiplos. Se o carioca ama tanto a praia, por que então deixa sua sujeira nela? Já vi gente dizer: adoro o meu carro! Mas. quando você entra no carro dele, é uma tremenda sujeira! Incoerência? Não: é acomodação! Depois eu limpo! Depois eu lavo! Depois, depois, depois. Depois a galinha pôs um ovo para nós dois! E vamos nós acumulando irresponsabilidades, incoerências, desordens e ilegalidades. Choque pode parecer um tanto forte, mas sabe de uma coisa: é bom que alguém nos dê uma sacudidela para nos fazer perceber – já que não fazemos isso espontaneamente –, que vivemos em sociedade, em grupos, em aglomerações. Mesmo que queiramos botar na nossa mala tudo que nos dê satisfação e atenda aos nossos desejos, ela tem um espaço a ser respeitado. Existem regras para arrumá-la de modo mais útil e coerente. Da próxima vez que estiver num espaço público, lembre-se que ele não é a sua mala particular. Reflita que até mesmo a sua própria mala tem limites, e que você não pode colocar nela tudo o que deseja. E sobre a capacidade de carga do título? Existem diferentes interesses envolvidos com a capacidade de suporte de uma região. Se falarmos em planejamento de turismo, a aplicação estará voltada para identificar qual o número ideal de usuários que uma dada localidade comporta sem depreciar o seu patrimônio. Ela pretende controlar fluxos e interesses, especialmente os que ocorrem em áreas naturais. Não são estáticas, mas devem se adaptar a cada estação ou momento, que venha ameaçar a estabilidade do sistema, seja por motivos sociais, econômicos, políticos ou culturais. E voce? Já aprendeu a arrumar a sua mala?




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